RESENHA
Resenhar significa fazer uma relação
das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos
relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem.
O objeto resenhado pode ser um
acontecimento qualquer da realidade (um jogo de futebol, uma comemoração
solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça
de teatro, um filme).
A resenha, como qualquer modalidade
de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são
infinitas as propriedades e as circunstâncias que envolvem o objeto descrito.o
resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos
pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma
intenção previamente definida.
Imaginemos duas resenhas distintas
sobre um mesmo objeto, o treinamento dos atletas para uma copa mundial de
futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma coluna esportiva de um
jornal; outra, ao departamento médico que integra a comissão de treinamento. O
jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o
treino, um gol olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar, encantou a
platéia presente e deu vários autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao
departamento médico, são simplesmente desprezíveis.
Com efeito, a importância do que se
vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.
Numa resenha de livros para o grande
público leitor de jornal, não tem o menor sentido descrever com pormenores os
custos de cada etapa de produção do livro, o percentual de direito autoral que
caberá ao escritor e coisas desse tipo.
A resenha pode ser puramente
descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou
crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo
crítico de quem a elaborou.
A resenha descritiva consta de:
a)
uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:
ü
nome
do autor (ou dos autores);
ü
título
completo e exato da obra (ou do artigo);
ü
nome
da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte a obra;
ü
lugar
e data da publicação;
ü
número
de volumes e páginas.
Pode-se
fazer, nessa parte, uma descrição sumária da estrutura da obra (divisão em
capítulos, assunto dos capítulos, índices, etc.). No caso de uma obra
estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do
tradutor (se se tratar de traduçã0).
b)
uma parte com o resumo do conteúdo da obra:
ü
indicação
sucinta do assunto global da obra (assunto tratado) e do ponto de vista adotado
pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom, etc.);
ü
resumo
que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.
Na
resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e
julgamentos do resenhador sobre as idéias do autor, o valor da obra, etc. Ela
consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de
valor da obra feitos pelo resenhista.
A
finalidade de uma resenha crítica é informar o leitor, de maneira clara e
objetiva, sobre o assunto tratado na obra, evidenciando a contribuição do
autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. Em geral, ela é
apresentada por um especialista, que além do conhecimento sobre o assunto, tem
capacidade de juízo crítico.
Os
requisitos básicos para elaboração de uma resenha crítica são: 1) conhecimento
completo da obra; 2) competência na matéria; 3) capacidade de juízo de valor;
4) independência de juízo, e 5) fidelidade ao pensamento do autor.
No
campo da comunicação técnica e científica, a resenha é de grande utilidade,
porque facilita o trabalho do profissional ao trazer um breve comentário sobre
a obra e uma avaliação da mesma. A informação dada ajuda na decisão da leitura
ou não da obra.
Sua
estrutura apresenta, normalmente, os seguintes elementos: 1) referência
bibliográfica; 2) credenciais do(a) autor(a); 3) resumo; 4) conclusões da
autoria; 5) quadro de referências do autor; 6) apreciação, que inclui fatores
como julgamento da obra, mérito da obra, estilo, forma e indicação da obra.
RESUMO
1. Conceito, finalidade e caráter
O resumo é a apresentação concisa e
freqüentemente seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse
e importância, isto é, as principais idéias do autor da obra.
A finalidade do resumo consiste na
difusão das informações contidas em livros, artigos, teses etc., permitindo a
quem o ler resolver sobre a conveniência ou não de consultar o texto completo.
O caráter de um resumo depende de seus objetivos: apresentar um sumário
narrativo das partes mais significativas, não dispensando a leitura do texto;
condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo as finalidades e metodologia
quanto os resultados obtidos e as conclusões da autoria, permitindo a
utilização em trabalhos científicos e dispensando, portanto, a leitura
posterior do texto original; análise interpretativa de um documento, criticando
os diferentes aspectos inerentes ao texto.
O resumo abrevia o tempo dos
pesquisadores; difunde informações de tal modo que pode influenciar e estimular
a consulta do texto completo. Em sua elaboração, devem-se destacar quanto ao
conteúdo:
Ø
o
assunto do texto;
Ø
o
objetivo do texto;
Ø
a
articulação das idéias;
Ø
as
conclusões do autor do texto objeto do resumo.
Formalmente,
o redator do resumo deve atentar para alguns procedimentos:
Ø
ser
redigido em linguagem objetiva, concisa, evitando-se a mera enumeração de
tópicos;
Ø
evitar
a repetição de frases inteiras do original;
Ø
respeitar
a ordem em que as idéias ou fatos são apresentados;
Ø
preferencialmente,
serão escritos os resumos em 3ª pessoa do singular e com verbos na voz ativa.
Finalmente,
o resumo:
Ø
não
deve apresentar juízo valorativo ou crítico (que pertencem a outro tipo de
texto, a resenha);
Ø
deve
ser compreensível por si mesmo, isto é, dispensar a consulta ao original.
2. Como resumir
Os procedimentos para realizar um
resumo incluem, em primeiro lugar, descobrir o plano da obra a ser resumida. Em
segundo lugar, a pessoa que o está realizando deve responder, no resumo, a duas
perguntas: o que o autor pretende demonstrar? De que trata o texto? Em terceiro
lugar, deve-se ater às idéias principais do texto e a sua articulação. Muito
importante nesta fase é distinguir as diferentes partes do texto. A fase
seguinte é a da identificação de palavras-chave. Finalmente, passa-se à
elaboração do resumo.
3. Tipos de resumo
A ABNT classifica os resumos em
indicativo, informativo, crítico ou recensão.
a) Resumo
indicativo ou descritivo:
caracterizado como um sumário narrativo, nesse tipo de resumo descrevem-se os
principais tópicos do texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos.
Portanto, não dispensa a leitura do texto original para a compreensão do
assunto. Quanto à extensão, não deve ultrapassar quinze ouvinte linhas;
utilizam-se frases curtas que, geralmente, correspondem a cada elemento
fundamental do texto; porém, o resumo descritivo não deve limitar-se à
enumeração pura e simples das partes do trabalho.
b) Resumo
informativo ou analítico:
é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se
gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as idéias
principais. Na são permitidas as opiniões pessoais do autor do resumo. O resumo
informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação,, deve dispensar a
leitura do texto original para o conhecimento do assunto.
c) Resumo
crítico ou recensão:
consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão,
mantendo as idéias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do
resumo. Tal como o resumo informativo, dispensa a leitura do original para a compreensão
do assunto.
A resenha é um tipo de resumo crítico;
contudo, mais abrangente. Além de reduzir o texto, permite opiniões e
comentários, inclui julgamentos de valor, tais como comparações com outras
obras da mesma área do conhecimento, a relevância da obra em relação às outras
do mesmo gênero etc. Será objeto de estudo em outro momento.
4. A técnica do resumo quanto à
extensão do texto:
a) de parágrafos e capítulos
A técnica de resumir difere, no modo
de redigir, quando se trata de um texto curto ou de uma obra inteira. Por texto
curto compreende-se o que consta de um parágrafo a um capítulo, embora esta não
seja uma classificação rígida.
Parágrafos e capítulos podem ser
resumidos aplicando-se a técnica de sublinhar e redigindo-se o resumo pela
organização de frases, baseadas nas palavras sublinhadas. Este sistema não
constitui regra absoluta, mas tem a vantagem de manter a ordem das idéias e
fatos e propiciar a indispensável fidelidade ao texto.
Usar vocabulário próprio ou do autor
não é questão relevante, desde que o resumo apresente as principais idéias do
texto, de forma condensada.
Um texto mais complexo resume-se com
mais facilidade se preliminarmente for elaborado um esquema com as palavras
sublinhadas.
Não se admitem acréscimos ou comentários
ao texto, mas as opiniões e pontos de vista do autor (do original) devem ser
respeitados.
Nos textos bem estruturados, cada
parágrafo corresponde a uma só idéia principal. Todavia, alguns autores são
repetitivos e usam palavras diferentes, que contêm as mesmas idéias, em mais de
um parágrafo, por questões didáticas ou de estilo. Neste caso, os parágrafos
reiterativos devem ser reduzidos a um apenas.
b) redação de resumos de livros
O resumo de textos mais longos ou de
livros inteiros, evidentemente, não poderá ser feito parágrafo por parágrafo,
ou mesmo capítulo por capítulo, a partir do que foi sublinhado. Neste caso,
devem-se adotar os seguintes procedimentos:
Ø
leitura
integral do texto, para conhecimento do assunto;
Ø
aplicar
a técnica de sublinhar, para ressaltar as idéias importantes e os detalhes
relevantes, em cada capítulo;
Ø
reestruturar
o plano de redação do autor, valendo-se, para isto, do índice ou sumário, isto
é, identificar, pelo sumário, as principais PARTES do livro; em cada parte, os
CAPÍTULOS, os títulos e subtítulos. De posse desses elementos, elaborar um
plano ou esquema de redação do resumo;
Ø
tomar
por base o esquema ou plano de redação, para fazer um rascunho, resumindo por
capítulos ou por partes;
Ø
concluído
o rascunho, fazer uma leitura, para verificar se há possibilidade de resumir
mais, ou se não houve omissão de algum elemento importante. Refazer a redação,
com as alterações necessárias, e transcrever em fichas, segundo as normas de
fichamentos.
A
norma da ABNT recomenda que o resumo tenha até 100 palavras se for de notas e
comunicações breves. Se se tratar de resumo de monografias e artigos, sua
extensão será de até 250 palavras. Resumo de relatórios e teses podem ter até
500 palavras.
É
indispensável considerar o resumo como uma recriação do texto, uma nova
elaboração, isto é, uma nova forma de redação que utiliza as idéias do
original.
Segundo
Andrade (1992, p. 53), o resumo bem elaborado deve obedecer aos seguintes
itens:
1.
apresentar,
de maneira sucinta, o assunto da obra;
2.
não
apresentar juízos críticos ou comentários pessoais;
3.
respeitar
a ordem das idéias e fatos apresentados;
4.
empregar
linguagem clara e objetiva;
5.
evitar
a transcrição de frases do original;
6.
apontar
as conclusões do autor;
7.
dispensar
a consulta ao original para a compreensão do assunto.
FICHAMENTO
I
– CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Ø
O
fichamento constitui um instrumento valioso de estudo de que se valem os
pesquisadores para a realização de um trabalho acadêmico, de uma obra didática,
científica e outras. Ele permite o armazenamento de informações reunidas
durante a fase da pesquisa bibliográfica. Ele permite:
a) identificar as obras;
b) conhecer seu conteúdo;
c) fazer citações;
d) analisar o material;
e) elaborar críticas.
Ø
Todo
o trabalho de fichamento é precedido por uma leitura atenta do texto. Leitura
que se afasta da categoria do emocional (subjetiva) e alcança o nível de
racionalidade, e compreende: capacidade de analisar o texto, separar suas
partes e examinar como se inter-relacionam e como o texto se inter-relaciona
com outros, e competência para resumir as idéias do texto. Esse processo
compreende quatro níveis ou etapas:
a) primeiro nível: leitura denotativa,
parafrástica;
b) segundo nível: polissêmica;
c) terceiro nível: leitura crítica;
d) quarto nível: problematização.
II – ASPECTO FÍSICO
Ø
armazenamento
das informações pode ser realizado num arquivo de fichas ou pelo computador. No
caso de fichas, são mais comuns os seguintes tamanhos:
Tipo grande 12,5 cm x 20,5
cm
Tipo médio 10,5
cm x
15,5 cm
Tipo pequeno (internacional) 7,5 cm
x 12,5 cm
Ø
O
fichamento informatizado: apresenta a vantagem de que não há limite de linhas,
como no fichamento em papel. Outra grande vantagem é que é possível copiar
textos, transferir informações de um local para outro, pedir ao computador que
localize expressões-chaves, dentre outros recursos.
III – COMPOSIÇÃO DAS FICHAS
Ø
A
estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais:
cabeçalho, referência bibliográfica, corpo ou texto e local onde se encontra a
obra.
IV – FICHAS DE LEITURA
Ø
São
assim designadas as fichas em que se registram informações bibliográficas
completas, anotações sobre tópicos da obra, citações diretas, juízos
valorativos a respeito da obra, resumo do texto, comentários.
1 – MODALIDADES DE
FICHAMENTO
Ø
O
conteúdo que constitui o corpo ou o texto das fichas varia segundo sua
finalidades. Pode ser:
A) bibliográfica;
B) citações;
C) resumo ou de conteúdo;
D) esboço;
E) comentário ou analítica.
A) FICHA BIBLIOGRÁFICA
Reúne
dados referentes necessários à localização da fonte a ser pesquisada.
B) FICHA DE CITAÇÕES
Consiste
na reprodução fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em
pauta. A transcrição direta exige a colocação de aspas no início e no final do
texto, bem com indicação do número da página de onde foi transcrito. Se houver
erros gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se entre parênteses
(sic). Ex.: “Os autores deve (sic) conhecer...”
A
supressão de palavras é indicada com três pontos entre parênteses (...). A
supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando-se
uma linha completa de pontos. Supressões iniciais e finais não precisam ser
indicadas.
C) FICHA DE RESUMO OU DE CONTEÚDO
Apresenta
uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos
aspectos essenciais da obra. Características:
a) não
é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada das idéias
do autor;
b) não é transcrição, como na ficha de
citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias palavras, sendo mais
uma interpretação do autor;
c) não é longa: apresentam-se mais
informações do que a ficha bibliográfica, que, por sua vez, é menos extensa do
que a do esboço;
d) não
precisa obedecer estritamente à estrutura da obra: lendo a obra, o estudioso vai
fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a
essência do texto.
D) FICHA DE ESBOÇO
Tem
certa semelhança com a ficha de resumo ou conteúdo, pois se refere à
apresentação das principais idéias expressas pelo autor, ao longo da sua obra
ou parte dela, porém de forma mais detalhada. Aspectos principais:
a) é
a mais extensa das fichas,
apesar de requerer, também, capacidade de síntese, pois o conteúdo de uma obra,
parte dela ou de um artigo mais extenso é expresso em uma ou algumas fichas;
b) é
a mais detalhada, em
virtude de a síntese das idéias ser realizada quase que de página a página;
c) exige
a indicação das páginas,
em espaço apropriado, à esquerda da ficha, à medida que se vai sintetizando o
material.
E) FICHA DE COMENTÁRIO OU ANALÍTICA
Consiste
na explicitação ou interpretação crítica pessoal das idéias expressas pelo
autor, ao longo de seu trabalho ou parte dele. Pode apresentar:
a) comentário
sobre a forma pela
qual o autor desenvolve seu trabalho, no que se refere aos aspectos
metodológicos;
b) análise
crítica do conteúdo,
tomando como referencial a própria obra;
c) interpretação
de um texto obscuro para
torná-lo mais claro;
d) comparação
da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema;
e) explicitação
da importância da obra para o estudo em pauta.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Maria Margarida de. Introdução à
metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação.
6.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LAKATOS,
Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade (2001). Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos,
pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos
científicos. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas.
MEDEIROS,
João Bosco. Redação científica: a
prática de fichamento, resumo e resenhas. São Paulo: Atlas, 2000.
(Apostila
compilada pelo Prof. Pedro Francelino,
para fins didáticos)