domingo, 18 de agosto de 2013

resenha, fichamento e resumo.




RESENHA

            Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem.
            O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça de teatro, um filme).
            A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e as circunstâncias que envolvem o objeto descrito.o resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção previamente definida.
            Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo objeto, o treinamento dos atletas para uma copa mundial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma coluna esportiva de um jornal; outra, ao departamento médico que integra a comissão de treinamento. O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o treino, um gol olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar, encantou a platéia presente e deu vários autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao departamento médico, são simplesmente desprezíveis.
            Com efeito, a importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.
            Numa resenha de livros para o grande público leitor de jornal, não tem o menor sentido descrever com pormenores os custos de cada etapa de produção do livro, o percentual de direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse tipo.
            A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.
            A resenha descritiva consta de:

a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:
ü nome do autor (ou dos autores);
ü título completo e exato da obra (ou do artigo);
ü nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte a obra;
ü lugar e data da publicação;
ü número de volumes e páginas.

Pode-se fazer, nessa parte, uma descrição sumária da estrutura da obra (divisão em capítulos, assunto dos capítulos, índices, etc.). No caso de uma obra estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do tradutor (se se tratar de traduçã0).

b) uma parte com o resumo do conteúdo da obra:
ü indicação sucinta do assunto global da obra (assunto tratado) e do ponto de vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom, etc.);
ü resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e julgamentos do resenhador sobre as idéias do autor, o valor da obra, etc. Ela consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor da obra feitos pelo resenhista.
A finalidade de uma resenha crítica é informar o leitor, de maneira clara e objetiva, sobre o assunto tratado na obra, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. Em geral, ela é apresentada por um especialista, que além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico.
Os requisitos básicos para elaboração de uma resenha crítica são: 1) conhecimento completo da obra; 2) competência na matéria; 3) capacidade de juízo de valor; 4) independência de juízo, e 5) fidelidade ao pensamento do autor.
No campo da comunicação técnica e científica, a resenha é de grande utilidade, porque facilita o trabalho do profissional ao trazer um breve comentário sobre a obra e uma avaliação da mesma. A informação dada ajuda na decisão da leitura ou não da obra.
Sua estrutura apresenta, normalmente, os seguintes elementos: 1) referência bibliográfica; 2) credenciais do(a) autor(a); 3) resumo; 4) conclusões da autoria; 5) quadro de referências do autor; 6) apreciação, que inclui fatores como julgamento da obra, mérito da obra, estilo, forma e indicação da obra.


RESUMO

1. Conceito, finalidade e caráter

            O resumo é a apresentação concisa e freqüentemente seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais idéias do autor da obra.
            A finalidade do resumo consiste na difusão das informações contidas em livros, artigos, teses etc., permitindo a quem o ler resolver sobre a conveniência ou não de consultar o texto completo. O caráter de um resumo depende de seus objetivos: apresentar um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispensando a leitura do texto; condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo as finalidades e metodologia quanto os resultados obtidos e as conclusões da autoria, permitindo a utilização em trabalhos científicos e dispensando, portanto, a leitura posterior do texto original; análise interpretativa de um documento, criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.
            O resumo abrevia o tempo dos pesquisadores; difunde informações de tal modo que pode influenciar e estimular a consulta do texto completo. Em sua elaboração, devem-se destacar quanto ao conteúdo:

Ø o assunto do texto;
Ø o objetivo do texto;
Ø a articulação das idéias;
Ø as conclusões do autor do texto objeto do resumo.

Formalmente, o redator do resumo deve atentar para alguns procedimentos:

Ø ser redigido em linguagem objetiva, concisa, evitando-se a mera enumeração de tópicos;
Ø evitar a repetição de frases inteiras do original;
Ø respeitar a ordem em que as idéias ou fatos são apresentados;
Ø preferencialmente, serão escritos os resumos em 3ª pessoa do singular e com verbos na voz ativa.

Finalmente, o resumo:

Ø não deve apresentar juízo valorativo ou crítico (que pertencem a outro tipo de texto, a resenha);
Ø deve ser compreensível por si mesmo, isto é, dispensar a consulta ao original.

2. Como resumir

            Os procedimentos para realizar um resumo incluem, em primeiro lugar, descobrir o plano da obra a ser resumida. Em segundo lugar, a pessoa que o está realizando deve responder, no resumo, a duas perguntas: o que o autor pretende demonstrar? De que trata o texto? Em terceiro lugar, deve-se ater às idéias principais do texto e a sua articulação. Muito importante nesta fase é distinguir as diferentes partes do texto. A fase seguinte é a da identificação de palavras-chave. Finalmente, passa-se à elaboração do resumo.
3. Tipos de resumo

            A ABNT classifica os resumos em indicativo, informativo, crítico ou recensão.

a)  Resumo indicativo ou descritivo: caracterizado como um sumário narrativo, nesse tipo de resumo descrevem-se os principais tópicos do texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos. Portanto, não dispensa a leitura do texto original para a compreensão do assunto. Quanto à extensão, não deve ultrapassar quinze ouvinte linhas; utilizam-se frases curtas que, geralmente, correspondem a cada elemento fundamental do texto; porém, o resumo descritivo não deve limitar-se à enumeração pura e simples das partes do trabalho.

b)  Resumo informativo ou analítico: é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as idéias principais. Na são permitidas as opiniões pessoais do autor do resumo. O resumo informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação,, deve dispensar a leitura do texto original para o conhecimento do assunto.

c)  Resumo crítico ou recensão: consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão, mantendo as idéias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do resumo. Tal como o resumo informativo, dispensa a leitura do original para a compreensão do assunto.

A resenha é um tipo de resumo crítico; contudo, mais abrangente. Além de reduzir o texto, permite opiniões e comentários, inclui julgamentos de valor, tais como comparações com outras obras da mesma área do conhecimento, a relevância da obra em relação às outras do mesmo gênero etc. Será objeto de estudo em outro momento.
           
4. A técnica do resumo quanto à extensão do texto:

a) de parágrafos e capítulos

            A técnica de resumir difere, no modo de redigir, quando se trata de um texto curto ou de uma obra inteira. Por texto curto compreende-se o que consta de um parágrafo a um capítulo, embora esta não seja uma classificação rígida.
            Parágrafos e capítulos podem ser resumidos aplicando-se a técnica de sublinhar e redigindo-se o resumo pela organização de frases, baseadas nas palavras sublinhadas. Este sistema não constitui regra absoluta, mas tem a vantagem de manter a ordem das idéias e fatos e propiciar a indispensável fidelidade ao texto.
            Usar vocabulário próprio ou do autor não é questão relevante, desde que o resumo apresente as principais idéias do texto, de forma condensada.
            Um texto mais complexo resume-se com mais facilidade se preliminarmente for elaborado um esquema com as palavras sublinhadas.
            Não se admitem acréscimos ou comentários ao texto, mas as opiniões e pontos de vista do autor (do original) devem ser respeitados.
            Nos textos bem estruturados, cada parágrafo corresponde a uma só idéia principal. Todavia, alguns autores são repetitivos e usam palavras diferentes, que contêm as mesmas idéias, em mais de um parágrafo, por questões didáticas ou de estilo. Neste caso, os parágrafos reiterativos devem ser reduzidos a um apenas.

b) redação de resumos de livros

            O resumo de textos mais longos ou de livros inteiros, evidentemente, não poderá ser feito parágrafo por parágrafo, ou mesmo capítulo por capítulo, a partir do que foi sublinhado. Neste caso, devem-se adotar os seguintes procedimentos:

Ø leitura integral do texto, para conhecimento do assunto;
Ø aplicar a técnica de sublinhar, para ressaltar as idéias importantes e os detalhes relevantes, em cada capítulo;
Ø reestruturar o plano de redação do autor, valendo-se, para isto, do índice ou sumário, isto é, identificar, pelo sumário, as principais PARTES do livro; em cada parte, os CAPÍTULOS, os títulos e subtítulos. De posse desses elementos, elaborar um plano ou esquema de redação do resumo;
Ø tomar por base o esquema ou plano de redação, para fazer um rascunho, resumindo por capítulos ou por partes;
Ø concluído o rascunho, fazer uma leitura, para verificar se há possibilidade de resumir mais, ou se não houve omissão de algum elemento importante. Refazer a redação, com as alterações necessárias, e transcrever em fichas, segundo as normas de fichamentos.

A norma da ABNT recomenda que o resumo tenha até 100 palavras se for de notas e comunicações breves. Se se tratar de resumo de monografias e artigos, sua extensão será de até 250 palavras. Resumo de relatórios e teses podem ter até 500 palavras.
É indispensável considerar o resumo como uma recriação do texto, uma nova elaboração, isto é, uma nova forma de redação que utiliza as idéias do original.
Segundo Andrade (1992, p. 53), o resumo bem elaborado deve obedecer aos seguintes itens:  

1.   apresentar, de maneira sucinta, o assunto da obra;
2.   não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais;
3.   respeitar a ordem das idéias e fatos apresentados;
4.   empregar linguagem clara e objetiva;
5.   evitar a transcrição de frases do original;
6.   apontar as conclusões do autor;
7.   dispensar a consulta ao original para a compreensão do assunto.




FICHAMENTO


I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Ø O fichamento constitui um instrumento valioso de estudo de que se valem os pesquisadores para a realização de um trabalho acadêmico, de uma obra didática, científica e outras. Ele permite o armazenamento de informações reunidas durante a fase da pesquisa bibliográfica. Ele permite:

a)  identificar as obras;
b)  conhecer seu conteúdo;
c)  fazer citações;
d)  analisar o material;
e)  elaborar críticas.

Ø Todo o trabalho de fichamento é precedido por uma leitura atenta do texto. Leitura que se afasta da categoria do emocional (subjetiva) e alcança o nível de racionalidade, e compreende: capacidade de analisar o texto, separar suas partes e examinar como se inter-relacionam e como o texto se inter-relaciona com outros, e competência para resumir as idéias do texto. Esse processo compreende quatro níveis ou etapas:

a)  primeiro nível: leitura denotativa, parafrástica;
b)  segundo nível: polissêmica;
c)  terceiro nível:  leitura crítica;
d)  quarto nível: problematização.

II – ASPECTO FÍSICO
Ø armazenamento das informações pode ser realizado num arquivo de fichas ou pelo computador. No caso de fichas, são mais comuns os seguintes tamanhos:

     Tipo grande                                   12,5 cm  x  20,5 cm
     Tipo médio                                    10,5 cm  x  15,5 cm
     Tipo pequeno (internacional)        7,5 cm  x  12,5 cm

Ø O fichamento informatizado: apresenta a vantagem de que não há limite de linhas, como no fichamento em papel. Outra grande vantagem é que é possível copiar textos, transferir informações de um local para outro, pedir ao computador que localize expressões-chaves, dentre outros recursos.


III – COMPOSIÇÃO DAS FICHAS

Ø A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho, referência bibliográfica, corpo ou texto e local onde se encontra a obra.

IV – FICHAS DE LEITURA

Ø São assim designadas as fichas em que se registram informações bibliográficas completas, anotações sobre tópicos da obra, citações diretas, juízos valorativos a respeito da obra, resumo do texto, comentários.


1 – MODALIDADES DE FICHAMENTO

Ø O conteúdo que constitui o corpo ou o texto das fichas varia segundo sua finalidades. Pode ser:
A)  bibliográfica;
B)  citações;
C) resumo ou de conteúdo;
D) esboço;
E)  comentário ou analítica.


A)  FICHA BIBLIOGRÁFICA
Reúne dados referentes necessários à localização da fonte a ser pesquisada.


B)  FICHA DE CITAÇÕES

Consiste na reprodução fiel de frases ou sentenças consideradas relevantes ao estudo em pauta. A transcrição direta exige a colocação de aspas no início e no final do texto, bem com indicação do número da página de onde foi transcrito. Se houver erros gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se entre parênteses (sic). Ex.: “Os autores deve (sic) conhecer...”
A supressão de palavras é indicada com três pontos entre parênteses (...). A supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando-se uma linha completa de pontos. Supressões iniciais e finais não precisam ser indicadas.


C)  FICHA DE RESUMO OU DE CONTEÚDO

Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos aspectos essenciais da obra. Características:
a)  não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada das idéias do autor;
b)  não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor;
c)  não é longa: apresentam-se mais informações do que a ficha bibliográfica, que, por sua vez, é menos extensa do que a do esboço;
d)  não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra: lendo a obra, o estudioso vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a essência do texto.


D)  FICHA DE ESBOÇO
Tem certa semelhança com a ficha de resumo ou conteúdo, pois se refere à apresentação das principais idéias expressas pelo autor, ao longo da sua obra ou parte dela, porém de forma mais detalhada. Aspectos principais:
a)  é a mais extensa das fichas, apesar de requerer, também, capacidade de síntese, pois o conteúdo de uma obra, parte dela ou de um artigo mais extenso é expresso em uma ou algumas fichas;
b)  é a mais detalhada, em virtude de a síntese das idéias ser realizada quase que de página a página;
c)  exige a indicação das páginas, em espaço apropriado, à esquerda da ficha, à medida que se vai sintetizando o material.


E)   FICHA DE COMENTÁRIO OU ANALÍTICA

Consiste na explicitação ou interpretação crítica pessoal das idéias expressas pelo autor, ao longo de seu trabalho ou parte dele. Pode apresentar:
a)  comentário sobre a forma pela qual o autor desenvolve seu trabalho, no que se refere aos aspectos metodológicos;
b)  análise crítica do conteúdo, tomando como referencial a própria obra;
c)  interpretação de um texto obscuro para torná-lo mais claro;
d)  comparação da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema;
e)  explicitação da importância da obra para o estudo em pauta.



REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade (2001). Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamento, resumo e resenhas. São Paulo: Atlas, 2000.


(Apostila compilada pelo Prof. Pedro Francelino,  para fins didáticos)

resenha, resumo e fichamento.


PESQUISA/ 3º ANO.

                            II UNIDADE

1. Resenha

Resenhar [Do lat. resignare.]

2.Ato ou efeito de resenhar, fazer resenha de;

.Descrição pormenorizada.

Relatar minuciosamente.

.Enumerar por partes.



2. Resumo

Ato ou efeito de resumir (-se).

Exposição abreviada de uma sucessão de acontecimentos, das características gerais de alguma coisa, etc., tendente a favorecer sua visão global: síntese, sumário, epítome, sinopse.


3. Fichamento

.Ato ou efeito de fichar.

.Anotar ou registrar em fichas; catalogar.


. Fazer a ficha.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Livros para terceira unidade

Segue o link para baixar os livros que devem ser lidos para a terceira unidade de Filosofia.
Escolha o livro que deseja ler. Você terá toda a unidade para ler o livro, mas lembre-se que será convidado a fazer relato do livro para os colegas.
Livros disponíveis na pasta:
O que é ideologia
O que é realidade
O que é Etnocentrismo
O mundo de Sofia
Link da Pasta

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Relatório de Visita Técnica

Segue as instruções para o relatório de visita técnica. Lembrando que essa visita é parte também da avaliação da Professora Ione, ou seja, vale duas notas.

Baixar as instruções

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Vídeo: Tribos Urbanas.3LMA e 3LMB




Identidade e Tribos Urbanas - 3 LMA  e  3 LMB



Podemos assim definir um grupo de pessoas com hábitos, valores, opções culturais e exigências políticas comuns, que reúnem-se e agrupam-se nos mais variados aglomerados populacionais, a fim de obterem as promessas de segurança e liberdade sintetizadas por Zygmunt Baumant em seu livro.
É nesse sentido que se verifica por que tantas pessoas, em sua maioria adolescentes, mesmo vivendo em condições ambientais mui específicas de uma dada região, filiam-se a características e tendências comportamentais de grupos ideologicamente consolidados como ‘hippies’, ‘punks’, ‘emos’ ou ‘headbangers’, apenas para ficar em quatro exemplos comuns.
O conflito das características culturais locais e a disseminação midiática de tendências comportamentais globais ajudam a entender por que, nos dias de hoje, é tão comum sair de casa e deparar-se com grupos de pessoas que vestem-se de forma tão parecidas entre si que até parecem membros de uma tribo. Conforme antecipado, o encrudescimento do que se convencionou chamar de globalização impulsiona a necessidade de estas tribos urbanas assumirem uma função de identidade grupal muito mais forte do que em outras épocas. Afinal de contas, pessoas que se vestem de uma dada forma visando ao choque ou à expressão pessoal sempre existiram, mas não embotadas pelas divergentes impressões de aceitação e competição que atualmente se manifestam.
Homens utilizando maquiagem tipicamente associada a mulheres é uma das principais características de reconhecimento visual dos neo-tribalistas urbanos
A partir deste tipo de percepção, pode-se formular uma série de questionamentos iniciais: ao se filiar a uma dessas “tribos”, o indivíduo não estaria desistindo de suas características particulares em prol de uma identidade grupal mais ‘segura’ ou ‘libertária’? Se assim for, o que justifica esta opção? Necessidade de expressão? Revolta, pura e simplesmente? Uma reação desesperada – e reflexiva – aos efeitos de massificação comumente pretendidos pela Indústria Cultural? Todas as respostas? Por mais que se tente responder afirmativa ou negativamente a estas questões, estudiosos e teóricos das mais diversas correntes culturais divergem em suas opiniões.
A psicopedagoga clínica e institucional Lucymar Leite,  por exemplo, tem um parecer bastante delicado sobre o assunto. Segundo ela, a iminência, ou melhor, disseminação destas alegadas “tribos urbanas” nos dias atuais configura uma influência não necessariamente positiva para as crianças, no sentido de que a carnavalização de muito do que se vê na contemporaneidade está mais atrelada à mera e crescentemente estimulada necessidade por aplausos alheios do que necessariamente à adesão a uma determinada causa. “Posso até ser careta, mas continuo acreditando que a modernidade é fantástica em vários aspectos. Mas, quando se fala de comportamento, a indumentária apresentada por certos grupos tem sido modificada propositadamente para chamar a atenção e ganhado formatos exacerbados, que visam o reconhecimento dos grupos, legitimados pelo aplauso da sociedade”, afirma ela.
As preocupações pedagógicas destacadas por Lucymar estão voltadas para um ponto de vista bastante específico: a influência que a aparência externa destas tribos urbanas tem sobre as crianças pequenas, ainda em formação. “É preciso ter consciência do momento em que começamos a formar o indivíduo. A criança aprende tudo enquanto é criança e, depois que passa esta fase, ela inicia o momento da prática, em que acentua uma postura própria (fase da rebeldia), de maneira que as aprendizagens ocorridas na infância vão influenciar fortemente a sua adolescência e marcar sua prática na fase adulta”, acrescenta.
Segundo ela, o ditado popular “eduque a criança e não precisarás punir o adulto” é prenhe de razão, no sentido de que o mesmo chamariz indumentário que tanto a aflige quando associado às impressões infantis não a preocupa tanto quando praticada por adultos, visto que, neste caso, as demonstrações de autonomia na escolha das identidades neo-tribais adotadas são balizadas por um tipo diferente de autonomia.
Apesar de serem vítimas eventuais de preconceitos, os novos tribalistas urbanos acham mais seguros estarem identitariamente agrupados
Um exemplo que ajuda a compreender as preocupações recorrentes da psicopedagoga pode ser encontrado no conjunto habitacional Eduardo Gomes, situado no município de São Cristóvão, onde vários adolescentes masculinos estão chamando a atenção da população local por andarem pelas ruas em grupos e vestidos com trajes e maquiagem tipicamente associadas às mulheres adultas. Influenciados pelo que parece ser uma “abertura estilística homossexual” popularizada depois da participação ostensiva de uma ‘drag queen’ no programa de TV “Big Brother Brasil”, da TV Globo, estes garotos, ainda menores de idade, começaram a desfilar pelo conjunto vestidos de forma bastante feminina, usando maquiagem pesada e roupas coladas até mesmo durante o período diurno ou quando estão indo para a escola.
Apesar de não ter sido possível entrevistar os menores, os habitantes do bairro têm uma opinião taxativa e preconceituosa sobre os mesmos: “Essas bichas briguentas me dão medo!”, disse um morador do bairro, também homossexual, referindo-se às constantes brigas de que estes meninos participam, quando reagem grupalmente às ofensas que os transeuntes lhe direcionam, por causa do modo diferenciado como se vestem.
O intérprete catarinense Ringo Bez afirma que sua aparência ainda causa estranheza em seu trabalho, mas não interfere nos julgamentos sobre sua competência profissional
O intérprete de Língua Brasileira de Sinais, Ringo Bez, é comumente tachado de “emo” por causa do modo diferenciado como se veste ou se penteia. Recentemente, ele foi alvo de gozação num encontro nacional de estudantes em que se pretendia respeitar justamente a diversidade dos indivíduos. Independentemente de quais foram os motivos para as gozações alheias, Ringo falou que é alvo recorrente de julgamentos sobre sua aparência no trabalho, mas estes são prontamente contestados por sua competência profissional. “Na vida social, eu considero as críticas ao meu modo de vestir muito boas, mas, no campo profissional, as pessoas ainda se incomodam com o meu cabelo e com minhas roupas, mas, mesmo assim, eu me posiciono favorável a minha moda. Afinal de contas, é minha própria moda”, acrescenta.
No meio acadêmico, esta eclosão de “tribos urbanas” é estudada por especialistas nas mais diversas áreas, seja pelos antropólogos e sociólogos que enxergam nas posturas das mesmas uma transposição dos ideais de reconhecimento coletivos que se observa no sentido original do termo “tribos”, seja na postura de comunicólogos e/ou pós-modernistas que se valem do pensamento de teóricos como o polonês Zygmunt Bauman, que destaca os elementos de segurança e proteção discursiva proporcionados pelo caráter coletivos destas “tribos urbanas”.
“Aquelas bichas adolescentes andam juntas para cima e para baixo, senão seriam espancadas todo dia. Elas são muito ousadas!”, diz outro morador do conjunto Eduardo Gomes sobre os adolescentes que desfilam praticamente travestidos de mulher pelas ruas, confirmando que o elemento “segurança” é essencial nesta configuração hodierna das tribos urbanas.
Sobre o poder de persuasão inevitável do visual atraente destas tribos, o catarinense Ringo Bez acrescenta: “Na verdade, não me sinto de nenhuma tribo urbana, apenas as pessoas gostam de me intitular nesse contexto. Não posso negar que as tribos urbanas influenciaram nas minhas escolhas, mas eu, como bom menino, soube escolher e misturar muito bem os gostos e tipos”.
Esta opinião só confirma as impressões da pedagoga Lucymar sobre o quanto esta exposição visual antecipa decisões por rebeldia indumentária no comportamento infanto-juvenil. “Acredito que, se a massa que aplaude [estas tribos urbanas] tivesse noção da influência que a indumentária pode causar, muitos não estariam com os filhos nos braços, aplaudindo… Sabe aquele ditado: ‘ah, ele pode. Não é meu filho!’? É mais ou menos isso o que acontece”, diz. Com isto, ela se refere também ao modo desordenado como estão variando as sugestões de moda nos programas televisivos e demais canais de identificação midiática adolescente, em que as noções de permissividade e imitação identificação variam bastante em relação ao “mundo real” que eles encontram nas escolas e configurações familiares ainda marcadas por um tradicionalismo essencial.
Parede da Comunidade Gomorra, república de estudantes que visa acolher os anseios libertários dos universitários que por lá transitam
Uma das soluções encontradas pelas tribos urbanas universitárias para driblar estes conflitos familiares, por exemplo, é a reunião freqüente em “repúblicas” de estudantes, onde podem comportar-se livremente, ao menos no que tange às suas supostas necessidades de expressão ou de interação comunal, podendo, inclusive, praticar atividades que, fora daquelas paredes, seriam consideradas levemente criminosas ou imorais.
Com isso, o elemento “liberdade” destacado por Zygmunt Bauman no início desse texto é também trazido à tona, demonstrando que, concorde-se ou discorde-se de como as pessoas se agrupem e se exibam socialmente, seus atos são reflexos políticos de um contexto marcado por sintomas mais pungentes do que a mera profusão de opiniões, modismos ou caprichos. Hoje em dia, associar-se comunitariamente, mesmo que pelo viés neo-tribal aqui explicitado, é quase uma tentativa desesperada para sentir-se merecedor da alcunha de “ser humano” num contexto político em que a massificação e a homogeneização de consumo são cada vez mais dominantes e impositivas.


domingo, 28 de julho de 2013

Intervenção Social



Texto de Intervenção Social, professor Gilmaro. Suporte para a 1ª visita técnica. Os alunos que estão na recuperação paralela devem entregar fichamento desse texto.